Neva
Apresentação (Abertura)
06 de agosto/25 - 19:30
Armazém Companhia de Teatro apresenta espetáculo, NEVA, texto do chileno Guillermo Calderón
Versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima do mais conhecido dramaturgo chileno.
NEVA é uma peça escrita em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón. A peça se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, em um dia de 1905. Não em um dia qualquer, mas em 9 de janeiro de 1905, no dia que ficou conhecido como Domingo Sangrento, quando manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, pedindo melhores condições de trabalho nas fábricas, foram fuzilados pela Guarda Imperial. A ação de NEVA, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar "O Jardim das Cerejeiras", acabam, meio sem querer, se abrigando do massacre que acontece nas ruas e que será o estopim da revolução que acontecerá posteriormente no país.
Uma das atrizes trancada dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou e que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo - enquanto lá fora a cidade desaba -, Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente junto com ela a morte de Tchekhov.
A partir desse desassossego, entre incertezas artísticas e embates políticos, a pergunta que mais se impõe é "para que serve o teatro?". Com um humor feroz, Calderón escreve sobre uma Rússia conflagrada politicamente no início do século 20, mas reflete sobre o seu Chile da década de 1970 e, talvez, sobre o Brasil desses anos obscuros, tempos onde "tudo o que tem água está congelado, inclusive os homens". A discussão proposta pelas personagens oscila entre a afirmação da absoluta necessidade da arte ("Temos que fazer teatro. Temos que fazer uma peça que nos cure a alma.") e da sua total irrelevância ("Pra que perder tempo fazendo isso? O teatro é uma merda. Querem fazer algo que seja de verdade: saiam às ruas.").
Para o diretor Paulo de Moraes, "em 'Neva', Calderón propõe um tipo de teatro que me encanta porque é um teatro eminentemente político, mas que se propõe a mergulhar em uma linguagem poética cortante e num humor extremamente ácido. A partir de acontecimentos surpreendentes, no meio de muitas tosses e promessas vagas de amor, ele levanta perguntas muito provocativas. Perguntar bem, perguntar mais e melhor, esse é o teatro que me interessa."
Ficha técnica
Texto de Guillermo Calderón
Montagem da Armazém Companhia de Teatro
Direção: Paulo de Moraes
Tradução: Celso Curi
Elenco: Patrícia Selonk (Olga Knipper), Isabel Pacheco (Masha) e Felipe Bustamante (Aleko)
Interlocução Artística: Jopa Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Música: Ricco Viana
Figurinos: Carol Lobato
Instalação Cênica: Paulo de Moraes
Maquete 'Teatro de Arte de Moscou': Carla Berri
Mecânica da Maquete: Marco Souza
Design Gráfico e Vídeos: Jopa Moraes
Fotografias: Mauro Kury
Preparação Corporal: Patrícia Selonk e Ana Lima
Técnico de Montagem: Djavan Costa
Assistente de Produção: William Souza
Produção: Armazém Companhia de Teatro
Kolofé
Kolofé é uma palavra de origem Iorubá e significa um pedido de benção e proteção. Uma expressão usada principalmente para invocar a presença e a proteção dos orixás. O projeto Kolofé, idealizado pelo bailarino Júlio Rocha, é um espetáculo de dança que mescla movimentos de hip hop, dança contemporânea e capoeira e tem como fio condutor experiências vividas pelo artista, que saiu de uma comunidade da cidade de Petrópolis para se apresentar pelo Brasil e exterior. O espetáculo mostra como o hip hop e a capoeira conversam diretamente com as comunidades periféricas e contam a história de seus moradores. O projeto surgiu a partir de uma necessidade pessoal do artista, depois de residir fora por muitos anos, em mostrar seu trabalho nas comunidades de sua cidade natal, como forma de agradecimento pelas artes que aqui foram aprendidas para depois ganhar outros espaços pelo mundo e tem como proposta levar a comunidade para um lugar de visibilidade.
O projeto tem como referência artística os movimentos de Rap e Break Dance que chegaram ao Brasil na década de 1980 e são, até hoje, manifestações dominantes nas periferias dos grandes centros urbanos. Assim como a arte da capoeira, que também é parte importante das manifestações culturais dentro das comunidades. A apresentação tem duração média de 30 minutos e tem como público alvo jovens e adultos, com classificação livre, não havendo restrição etária, econômica, entre outras variáveis de classificação. O projeto tem como público-alvo espectadores que se identificam e buscam apreciar tais atividades sem, porém, excluir o público em geral. As performances contam ainda com a participação de um rapper local, dentro do seguimento hip hop pretendendo com isso oportunizar jovens artistas independentes, despertando o uso da arte como sua principal arma de transformação.
Ficha técnica
Bailarino - Júlio Rocha
Técnico de som e luz - Marcos Retondar
Produção - Renata Garcia
Só vendo como dói ser mulher do Tolstói
Um dos escritores mais importantes da literatura ocidental, o russo Leon Tolstói teve uma relação extremamente tóxica com a esposa Sofia. Essa é a revelação do elogiado monólogo "Só vendo como dói ser mulher do Tolstói. Com texto de Ivan Jaf, direção de Johayne Hildefonso, interpretação de Rose Abdallah e música riginal de André Abujamra, a peça procure desmitificar o mito Tolstói, ao expor o machismo do autor de "Guerra e paz" e "Anna Karenina", e jogar luz sobre o protagonismo feminino. O detalhado figurino de época da peça, assinado por Giovanni Targa, foi indicado ao Prêmio Shell e venceu o Prêmio Fita.
Idealizadora do projeto, a atriz Rose Abdallah dá vida a Sofia Tolstói, cujos diários escritos durante 48 anos comprovam um relacionamento patriarcal, machista e abusivo. Ofuscada pela fama do marido por dois séculos, só agora, com os movimentos de empoderamento feminino, a voz de Sofia começa a ser ouvida. Em "Só vendo como dói ser mulher do Tolstói", uma atriz prepara-se para entrar em cena no papel de Sofia. No camarim, mistura a voz da personagem com sua voz feminista atual, indignada e revoltada com o escritor machista e abusivo. Mistura também épocas - inícios dos séculos XX e XXI - e espaços - Rússia e Brasil. Em uma linguagem do nosso tempo, Sofia, enfim, fala. Nos bastidores da vida de um grande homem, havia mesmo uma grande mulher, mas ela foi massacrada e oprimida.
"Conhecia Sofia Tolstói apenas por foto e sempre ao lado do marido Leon Tolstói, o grande romancista russo.
Quando li o monólogo, foi uma mistura de sentimentos: amor por ela e choque por conhecer o outro lado de Tolstói. Apesar de toda a sua genialidade, ele era um homem comum, um russo seguidor fiel dos ensinamentos do Domostroi, que, em russo, significa 'ordem na casa', 'se o marido não domar a esposa, todo lar desmorona'.
Conheço várias mulheres que ainda hoje vivenciam os mesmos conflitos que Sofia. Talvez leve mais alguns séculos para que uma mudança concreta ocorra e que, finalmente, as mulheres tenham seu protagonismo reconhecido", reflete Rose Abdallah.
Sofia foi casada com o célebre escritor russo Leon Tolstói por 48 anos, até que, no dia 28 de outubro de 1910, ele fugiu de casa e acabou morrendo dez dias depois na estação ferroviária de uma pequena vila a 300 quilômetros de distância. A culpa sobre a morte do famoso escritor recaiu sobre Sofia, que foi considerada uma megera da qual Tolstói havia fugido e, por isso, morrera.
Foram quase 50 anos de brigas entre o escritor e a esposa. Um século de machismo estrutural, somado à imensa fama planetária e importância da obra de Tolstói, legou à Sofia o papel de megera. No entanto, o movimento feminista vem corrigindo essa injustiça. Durante toda a relação, cada qual retratou em diários o que se passava entre eles, em detalhes. É a leitura atual desses diários que deixa clara a relação tóxica, abusiva e patriarcal do homem Leon, independentemente de seu inquestionável talento literário.
É a partir do conteúdo desses diários que o dramaturgo Ivan Jaf constrói seu monólogo, dando voz a Sofia. Não uma voz contida pela repressão da mulher na Rússia do começo do século XX, sob o peso da Igreja Ortodoxa e da mão pesada do czarismo, mas um discurso com toda a verve libertária da indignação feminina atual.
Os trajes pesados do figurino de Giovanni Targa, que remetem ao severo inverno russo, são destaques na encenação. "O figurino por si só é um espetáculo, passando por vários séculos 18, 19 e 21 as roupas são colocadas e trocadas durante a apresentação como camadas. Como são roupas pesadas com muitos detalhes e muitos botões, a concentração é ampliada na execução. Tem uma ordem certa para vestir as peças", explica Rose.
Ficha técnica
Autor: Ivan Jaf
Direção: Johayne Hildefonso
Idealização e atuação: Rose Abdallah
Desenho de luz: Evely Silva
Visagismo e adereços: Ancelmo Salomão Saffi
Direção de arte: Giovanni Targa
Música original: André Abujamra
Cenários e figurinos: Giovanni Targa, Alessandra Miranda, Miguel Sasse e Ricardo Ferreira
Costureira: Edeneire Santos
Marcenaria: Alexandre Ramos
Fotografia: Vitor Kruter
Designer gráfico: Maurício Tavares / Inova Brand
Artes gráficas e redes sociais: Silvana Costa
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Direção de produção: Rose Abdallah e Sandro Rabello
Produção executiva: Márcio Netto / Ganga Projetos Culturais
Realização: Rose Abdallah / Abdallah Produções e Sandro Rabello / Diga Sim Produções
Samba de terreiro
O Projeto Samba no Terreiro é uma proposta que busca enaltecer a origem do samba para recuperar e preservar a representatividade e a força da fé, louvando o sagrado e desmistificando a intolerância, sendo relevante ao cenário sociocultural e artístico atual pois reafirma a discussão sobre a religiosidade como manifestação cultural através do samba. O projeto tem como referência artística nomes como Mateus Aleluia, compositor e pesquisador que desenvolveu sua obra através da herança cultural, musical e linguística trazidas pelos povos africanos, Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, compositores de obras marcantes que deram luz as manifestações artísticas mantendo a reverência sagrada de dentro dos terreiros. Por meio de uma pesquisa detalhada o projeto traz em seu repertório obras como Cordeiro de Nanã, Deixa a Gira Girar, Feita na Bahia, que exaltam o lirismo dos Orixás em suas composições. O formato em Roda de Samba visa a aproximação do público interagindo com os músicos de modo a estabelecer uma só voz, uma manifestação única, onde o show não é de um e sim de todos. Do terreiro para o povo, o projeto celebra a inclusão social através da religiosidade reafirmando nossa identidade cultural tendo como herança deixada pelos nossos ancestrais africanos. O bom batuque na Roda é formado por Mayara Ferreira que traz na voz a força feminina no samba, Jonatan Francisco no cavaquinho, Sabão Batukda na percussão, Thalita Villa Nova no violão, Leandro Mattos no pandeiro e Dominique Rabello na flauta. Vale ressaltar que o projeto atua com muita atenção para pesquisa musical e busca valorizar o trabalho fundamentado em recursos históricos com referência artística em um acento forte nas matrizes africanas que formam a cultura brasileira, tema aqui abordado e defendido.
MAYARA FERREIRA
Uma das mais belas vozes do cenário musical petropolitano atualmente, Mayara Ferreira iniciou sua carreira ainda criança, com o preparatório no Coral das Meninas Cantoras de Petrópolis aprendendo todo o necessário para a iniciação musical. Estudou também na Escola de Música da UCP. Fez parte do Coral Municipal de Petrópolis e já se apresentou nas mais diversas casas especializadas da cidade com diversos grupos e formações. Sempre levantando a bandeira da Música Brasileira em especial do Samba.
Violão - Thalita Villa Nova
Cavaco - Jonatan Francisco
Sabão Batukda - Percussão
Pandeiro - Leandro Mattos
Flauta - Dominique Rabello